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Cultura de inovação é incipiente no País
Enviado em 25 de Maio, 2017
Adoção da "não ciência" faz o Brasil ficar muito longe de outras nações em relação ao assunto.
A urgência da criação de uma cultura de inovação no Brasil foi o argumento que marcou o debate entre representantes da área em Minas Gerais, ocorrido ontem, na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante comemoração dos 10 anos do Sistema Mineiro de Inovação (Simi). O evento ocorreu durante a Semana Professor Marcos Pinotti de Engenharia Mecânica e Inovação (Semmap), que ainda contou com uma homenagem a Pinotti, um dos grandes defensores da inovação em Minas Gerais.
O debate sobre os desafios e o futuro da inovação em Minas Gerais contou com a participação do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Evaldo Vilela; do subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, Leonardo Dias, e do diretor executivo do Centro de Tecnologia Senai Cetec, José Policarpo. O professor e diretor da Faculdade de Engenharia da UFMG, Alessandro Moreira, foi o mediador do debate e abriu as discussões perguntando aos convidados sobre os principais desafios do segmento no Estado e também no Brasil.
Policarpo foi o primeiro a comentar, destacando que essa é uma pergunta de resposta fácil. Para ele, o maior entrave para o desenvolvimento de uma cultura de inovação no País é o imbróglio jurídico. “Esse é um País judicializado e infelizmente isso é aplicado à ciência e tecnologia. Conheço histórias e já tive projeto pessoal que só foi aprovado e teve financiamento garantido três ou quatro anos depois da solicitação, aí alguém em outro lugar já tinha desenvolvido aquela ideia. Essa questão jurídica acaba com a celeridade dos projetos de ciência e tecnologia no Brasil”, disse.
O presidente da Fapemig emendou o comentário de Policarpo dizendo que toda essa burocracia ainda traz um problema maior: a insegurança jurídica, que atrapalha os investimentos no País. Ele também comentou a necessidade de uma mudança de mentalidade, tanto da população em geral quanto dos cientistas, empresários e governantes do País. Para Vilela, essa cultura da “não ciência” é que faz o Brasil ficar tão longe de outros países em relação à produção de inovação.
“Quando os países desenvolvidos enfrentam uma crise, eles entendem que precisam conter os gastos, mas que precisam manter os investimentos em ciência e tecnologia. Aqui, esse segmento é o primeiro a ser cortado porque não entendem o valor dele. É essa falta de cultura de inovação que faz a gente chegar ao ponto de ter um CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - sem dinheiro para pagar as suas próprias contas. Isso é coisa de um país que não tem cultura científica”, avaliou.
Para o presidente, o Brasil ainda é um país muito fechado, o que o atrapalha a ser a potência que tem capacidade para ser. “Praticamente nada do Brasil vai pra fora, a não ser as nossas startups que buscam aqui. O Brasil não exporta nada digital, então que futuro temos? Temos que abrir mercado, importar e exportar”, alertou.
Apesar dos muitos desafios, Vilela também destacou que o País tem um grande potencial para inovar, devido à criatividade e o conhecimento de seus cientistas e empreendedores. Ele também lembrou que o desafio é maior para o Brasil por se tratar de uma nação recente. “Não podemos nos comparar com a Coreia, por exemplo, porque eles já tinham uma universidade em 1.300. Então nosso desafio é esse: estamos em um mundo em que as coisas acontecem com muita velocidade”, frisou.
O subsecretário também seguiu na mesma linha sobre a “cultura de inovação”, destacando que o principal desafio para o setor é difundir a mentalidade empreendedora na juventude. “A gente precisa entender que o mundo mudou, então temos que mudar com ele. Estamos vendo os índices de desemprego crescendo e eles vão crescer mais. É a inovação e o empreendedorismo que vão garantir a sobrevivência das pessoas”, disse.
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Futuro - Os debatedores também foram convidados a fazer uma reflexão sobre possíveis apontamentos para que o futuro do Brasil seja mais otimista em relação à cultura da inovação. Para Policarpo, o rumo da história do País só vai melhorar quando sua população e seus governantes deixarem o que ele chama de “complexo de vira-lata”.
“Por que são os nossos professores que têm que ir lá pra fora fazer doutorado se aqui temos escolas de referência? E por que não recebemos cientistas nos nossos mestrados e doutorados? Porque não absorvemos o inglês, que é a língua global. Temos muita coisa de referência aqui, mas precisamos ‘cacarejar’. Se a UFMG ‘cacarejasse’ tudo que faz aqui quem seria a Unicamp”, provocou.
Já Dias lembrou que é preciso dar perenidade aos projetos que são desenvolvidos em cada governo. Segundo ele, essa tem sido uma missão da atual gestão: criar programas sustentáveis. “Nós mantemos e melhoramos o Seed, que é um programa de aceleração de startups do governo passado. E estamos desenvolvendo muitos outros projetos com foco nas pessoas, sem importar quem entra ou sai do governo”, garantiu.
O presidente da Fapemig, por sua vez, destacou que o Brasil precisa de um alinhamento que abranja tanto governantes quanto universidades, instituições de fomento e iniciativa privada. “Em 2011, eu visitei a Coreia e escutei de mais de 50 organizações diferentes que a missão delas era tornar o país um fornecedor de qualquer coisa que o mundo precisasse até 2025. No ano seguinte, em Portugal, experimentei o mesmo sentimento de unicidade. A missão deles era única: tornar Portugal um país da ciência e tecnologia. O problema é que aqui as cabeças ficam se batendo. Precisamos de um alinhamento e, quem sabe, com a Lava Jato (conjunto de investigações em andamento pela Polícia Federal do Brasil, que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva, visando apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina) não conseguimos começar a nos organizar?”, concluiu.
Fonte: Diário do Comércio
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