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Acidente expõe fragilidades
Enviado em 06 de Março, 2017
Pistas simples e falta de rotas alternativas trazem transtornos e prejuízos em caso de batidas
O fechamento da BR-040 por quase 15 horas nessa sexta-feira (3) após o tombamento de uma carreta expõe a fragilidade da infraestrutura nas rodovias que cortam Minas, Estado com a maior malha rodoviária do país. A ausência de rotas alternativas e a existência de vias com grande fluxo de veículos ainda não duplicadas são os principais problemas apontados por especialistas, o que, segundo eles, transforma acidentes em um verdadeiro martírio para os motoristas e em prejuízo para diversos setores da economia.
O trecho da BR-040 onde ocorreu o acidente é de pista simples, apesar de estar sob responsabilidade da concessionária Via 040, que desde agosto de 2015 cobra pedágio no trecho entre Belo Horizonte e Juiz de Fora. Pelo contrato, ela deve duplicar todo o trecho que hoje é de pista simples. Porém, ainda não há prazo para o início da obra por falta de licença ambiental, de responsabilidade da Empresa de Planejamento Logística (EPL), do governo federal.
Paulo Tarso de Resende, professor de gestão de operações e logística da Fundação Dom Cabral, afirma que o Brasil sofre com a ausência de investimentos em estrutura e com o excesso de burocracia, que inviabilizam obras até de rodovias privatizadas. "Para se duplicar uma rodovia no Brasil, a documentação passa por dez órgãos estatais, cinco ministérios. É uma burocracia que dificulta os investimentos em infraestrutura, que já não são suficientes", analisa.
Resende explica que um acidente com carga perigosa realmente demanda tempo para liberação das pistas, porém, se a via fosse duplicada, a interdição seria em apenas um sentido da rodovia. Além disso, ele destaca que não há investimentos para criar alternativas de trajeto, o que se torna ainda mais necessário em estradas que ligam regiões tão importantes como Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
"Não vemos investimento para a criação de rotas alternativas. Um exemplo é o Rodoanel, que não tem nenhuma previsão de sair do papel. Vimos por várias vezes estradas importantes serem fechadas aqui, em Minas, e os desvios representam distâncias que quase duplicam a viagem, ou indicam um caminho com estrada que nem tem pavimentação e é inviável para cargas", frisa.
A Via 040 informou que a duplicação ainda não foi iniciada por falta de licença ambiental. O prazo para conclusão da duplicação é de cinco anos, mas só começa a contar após a liberação de licença. A concessionária informou que já duplicou 13% do previsto no contrato. A EPL não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Outros casos
24 de janeiro. Uma carreta que transportava 70 bois tombou na BR-381, em Betim, na região metropolitana. A demora na retirada na carga provocou o fechamento da rodovia por 13 horas.
5 de fevereiro. Um caminhão-tanque tombou na BR-116, próximo a Dom Cavati, na região do Rio Doce. A carga era um líquido altamente inflamável e asfixiante. Como houve o vazamento, a rodovia ficou fechada por mais de 24 horas até que o local fosse considerado seguro para o tráfego de veículos.
22 de fevereiro. Um caminhão-tanque carregado com querosene tombou no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, na altura do Vila Oeste, na região Oeste. Houve vazamento do líquido, o que gerou o fechamento total da pista no sentido Vitória. O trânsito só foi liberado quase 24 horas depois.
Resposta. Sobre o acidente dessa sexta-feira (3) na BR-040, a Via 040 informou que a responsabilidade pela carga é da empresa transportadora. Apesar disso, a concessionária destacou que atuou no resgate do motorista e na contenção dos danos.
Consequência Tráfego fechado pode parar indústria
A paralisação de rodovias por longos períodos afeta toda a cadeia de distribuição de mercadorias e de fornecimento de insumos para indústrias, gerando prejuízos que podem chegar a milhões de reais.
O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de Minas Gerais (), Gladstone Lobato, disse que situações como a que ocorreu nessa sexta-feira (3) ainda impactam o custo do transporte, aumentando o preço dos produtos.
Somente a transportadora dele teve um prejuízo de R$ 120 mil com a BR-040. "Tenho caminhões parados que deveriam levar insumos para uma siderúrgica. Esse tempo pode paralisar as atividades da siderúrgica. É um problema que dá prejuízos em toda a cadeia, e esse transporte só será normalizado em vários dias", afirmou.
Batidas viram bom negócio para vendas
Os longos congestionamentos formados por acidentes na BR-040 são uma boa oportunidade de negócio para os ambulantes, alguns deles especialistas nessas situações. Junior Oliveira, 21, saiu de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, para vender água e pipoca. Segundo ele, dependendo do tempo que uma rodovia fica fechada, seu lucro varia de R$ 600 a R$ 700 trabalhando cerca de cinco horas.
"Fiquei sabendo pelo rádio e vim rápido. Estou com 500 garrafinhas de água, que vendo entre R $ 2 e R $ 3, e 30 sacos do pipoca, também nesse valor. Meu pai está lá atrás no congestionamento trazendo mais 400 garrafas de água", disse.
Oliveira não reinou sozinho na rodovia. Enquanto a reportagem esteve no local, pelo menos outros quatro ambulantes trabalhavam. O autônomo Antônio Eder Vilela, 32, contou que alguns ambulantes criaram um grupo no WhatsApp que sempre é usado para troca de informações sobre pontos de acidentes.
Vilela saiu de Betim, também na região metropolitana, para vender carregador de celular, por R$ 20, e pen drive com 1.800 músicas. "Chego a ganhar R$ 250". (Carolina Caetano)
Fonte: Jornal O Tempo (04-03-2017)
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