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BR-381 - Gasto com vítimas pagaria 50% de reforma em trecho crítico


Enviado em 13 de Julho, 2015

Levantamento mostra que, desde 2014, mortos e feridos em acidentes custaram R$ 279,8 milhões

 

Há exatos 15 dias, os amigos Bráulio Inácio Corrêa, 26, e Carlos Henriques Gomes, 21, saíram de João Monlevade, na região Central do Estado, com destino ao Mineirão, na capital, para assistir a um jogo de futebol. A empolgação dos jovens torcedores, porém, foi bruscamente interrompida em uma das muitas curvas da BR–381: uma batida os matou na hora. Desde o ano passado, o valor gasto com as mais de 7.000 vítimas de tragédias como essa chegou a R$ 279,8 milhões na chamada Rodovia da Morte – verba que seria suficiente para pagar metade da obra de duplicação de um dos trechos mais inseguros da estrada. Caso o recurso tivesse sido transformado em investimento antes, muitas vidas poderiam ter sido poupadas.



Embora as obras na rodovia tenham enfim começado, a melhoria nos 31 km do trecho entre Belo Horizonte e Caeté, na região metropolitana, que corresponde aos últimos dois lotes não licitados do projeto, ainda não saiu do papel em função da falta de consenso em relação aos custos. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) alega não ter orçamento para pagar o valor que tem sido proposto pelas empresas interessadas na reforma. Com isso, as últimas duas licitações da obra fracassaram.



Em meio ao impasse, tudo o que já se gastou desde o ano passado com resgates, socorro a feridos, tratamentos hospitalares, recuperação de veículos e perda de produção em decorrência da interrupção temporária ou permanente de atividades produtivas das vítimas seria suficiente para custear, ao menos, 51,8% da duplicação. A intervenção do trecho não deve demandar mais que R$ 540 milhões, segundo dados do movimento Nova 381. Os 6.908 feridos e 396 mortos contabilizados na BR–381 entre 2014 e o primeiro semestre deste ano custaram R$ 279,8 milhões.



Cálculo. Os valores foram calculados pela reportagem com base em custos estimados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e atualizados pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) . Seguindo esse ritmo, a tendência é que, em pouco tempo, tudo que se tem gastado com acidentes de trânsito na BR–381 seja suficiente para bancar a duplicação entre a capital e Caeté.



Especialistas alertam, entretanto, que algumas variáveis consideradas pelo Ipea têm valores antigos, fazendo com que os custos fiquem subdimensionados. “Apesar disso, esse é um custo alto, e a estimativa de valores assusta”, avalia o pesquisador Paulo Guimarães, diretor técnico do ONSV.

 

Ele destaca que o Brasil é o quarto país do mundo que mais mata no trânsito. “O que acontece hoje é que a faixa etária mais atingida nesses acidentes é o público jovem e, considerando que a população está envelhecendo, estamos perdendo força produtiva, o que compromete inclusive a garantia de aposentadorias”.



É o caso dos jovens Bráulio e Carlos, cujo acidente aconteceu em 28 de junho, justamente no trecho ainda não licitado da BR–381. Era um domingo ensolarado, e os amigos pretendiam assistir à partida entre Atlético e Joinville. O Celta em que estavam bateu em um caminhão e foi arrastado pela BR–381, matando os dois na hora.

 

 

Orçamento
Sigilo
. As obras da BR–381 estão sendo contratadas por meio de Regime Diferenciado de Licitação, em que o orçamento oficial não é divulgado. O Dnit alega que essa modalidade possibilita economia.

 

Saiba mais
Conexão
. A BR–381 é o único eixo de ligação do Vetor Leste de Minas e seus parques industriais com as regiões Sudeste e Sul do país. Sua parte Norte, entre a capital e a divisa com o Espírito Santo, continua sob gestão federal e é a que possui as piores condições.



Economia. Coordenador geral do movimento Nova 381, Luciano Araújo explica que a duplicação, além de reduzir acidentes, poderá transformar a BR–381 em uma rodovia de negócios e novas oportunidades, gerando riquezas para o entorno. “O Vale do Aço é uma região com mão de obra qualificada e matéria-prima, mas falta logística, e, por isso, não consegue atrair mais empresas”, afirma.



Fluxo. Com a conclusão das obras, a expectativa é por um aumento de 40% na participação do PIB local.

 

 

Familiares cobram melhorias 

Parentes de vítimas e sobreviventes de acidentes pedem agilidade em duplicação de rodovia

Se os custos com vítimas de acidentes de trânsito na BR–381 ultrapassam os R$ 279 milhões, para familiares de mortos e feridos em batidas, os danos são imensuráveis, quase sempre impossíveis de se esquecer. Quem perdeu parentes ou mesmo se envolveu em colisões na chamada Rodovia da Morte, no trecho que vai de Belo Horizonte a Governador Valadares, na região do Rio Doce, acredita que muitos casos poderiam ter sido evitados, ou ao menos minimizados, caso a pista já estivesse duplicada. Com lembranças tristes, que não saem da memória, parentes e vítimas cobram agilidade na melhoria da rodovia.



Em 16 de janeiro de 2014, a pequena Clara, 5, morreu em acidente na BR–381. Ela viajava com os pais e as duas irmãs de Belo Horizonte a Nova Era, na região Central, onde passariam o fim das férias. O carro em que eles estavam, em função de óleo na pista, bateu de frente com uma carreta. “Essas obras já deveriam ter sido feitas há muito tempo. Nesses mais de 20 anos que rodei na estrada, é difícil ter um dia sem acidente. Muitas vidas já se foram ali”, diz o pastor Josué da Silva Leite, 47, pai da garota.



Com o impacto da batida, o carro da família partiu-se ao meio, deixando as outras duas crianças gravemente feridas. “Existem descaso e falta de sensibilidade e de vontade do poder público para resolver a situação definitivamente”.



Trauma. Sobrevivente de uma colisão na saída de João Monlevade, na região Central, a psicóloga Samantha Frade, 30, lembra-se com detalhes daquela tarde chuvosa de 2013. Ela viajava com o marido e o filho quando, em uma curva, um carro saiu da pista em alta velocidade, batendo de frente com o seu. Perguntando a si mesma se iria sobreviver, Samantha conta que só conseguia pensar no filho. “Se a estrada fosse maior e mais bem sinalizada, talvez não tivéssemos batido”.



Foi também em uma colisão frontal com uma carreta que a oficial de apoio judicial Bernadete de Melo Pereira Barbalho, 47, perdeu a tia. O acidente, próximo ao distrito de Ravena, em Sabará, também deixou seu marido gravemente ferido. “Foi um milagre ele ter saído com vida. Eu fiquei com um trauma, nunca mais vou ter sossego. Em qualquer pedacinho da BR–381 que pego, já fico tensa”, conta Bernadete. “Será que vai ter que morrer algum filho de governador para que tomem uma providência?”, questiona.



“É claro que tem a imprudência do motorista, mas, como o fluxo é muito intenso, a falta de separação entre as pistas deixa todo mundo mais vulnerável”, avalia a publicitária Stefânia Chaves, 26, que perdeu o irmão em 2008, também vítima de acidente na BR–381.

 

 

Privatização
Indefinição.
 Ainda não há definição sobre a possibilidade de concessão de parte da BR–381, entre João Monlevade e a capital, anunciada em um pacote do governo federal no mês passado.

 

 

REFLEXOS - Falta de obra afeta malha de todo o país 

Ele explica que a ausência do separador central e de mais faixas para escoar o volume de veículos acaba elevando o índice de acidentes fatais

 

A BR–381 é um importante elo entre rodovias do Sudeste e Nordeste do país, por isso os problemas existentes em seus 303 km que ligam Belo Horizonte a Governador Valadares, na região do Rio Doce, trazem reflexos para todo o Brasil.

 

“Desde a década de 80, a principal intervenção já deveria ter sido a duplicação porque é uma rodovia que não comporta mais a quantidade de tráfego”, explica o engenheiro civil Márcio Aguiar, especialista em transporte e trânsito. “Mas os investimentos são grandes, e, as decisões, politizadas, então não saímos do lugar há muito tempo”.

 

Ele explica que a ausência do separador central e de mais faixas para escoar o volume de veículos acaba elevando o índice de acidentes fatais. 

 

rodovia da morte

 

Fonte: O Tempo


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