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Setor produtivo mostra frustração com discurso de Dilma
Enviado em 10 de Março, 2015
Pronunciamento da presidente deixa empresários descrentes de melhorias nos rumos da economia no curto prazo
O descontentamento do setor produtivo com os rumos da economia brasileira faz tanto barulho quanto o panelaço em várias cidades durante o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff (PT) na noite de domingo. O primeiro discurso da petista em cadeia nacional após a reeleição não amenizou o mau humor de representantes dos principais segmentos do setor privado.
A insistência da presidente em atribuir a crise no país aos impactos da seca e ao ambiente externo aumentam a desconfiança dos empresários, descrentes em melhorias do cenário macroeconômico no curto e no médio prazos. O conteúdo da fala da presidente segue, na opinião dos especialistas, descolado da realidade caracterizada por retração do consumo, inflação alta e empregos ameaçados.
O pedido de paciência à população foi o único momento do discurso em que, no entender do economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fábio Bentes, a presidente esboçou uma mudança de estratégia. “Embora não reconheça erros, notou-se um esforço para deixar um pouco mais claro para os brasileiros o que está acontecendo”, comentou.
A conjuntura ficou tão ruim que, acrescentou Bentes, o esforço de Dilma em transparecer otimismo não surte efeito. “A situação é bem pouco tranquilizadora. Os setores já sabem o que vão esperar neste ano. Tudo o que foi previsto no ano passado está aí bastante claro”, afirmou. “Avanço mesmo seria se a presidente viesse a público para admitir os problemas.”
De acordo com o economista da CNC, durante a campanha do ano passado, o embate político conseguia ofuscar, ainda que não na totalidade, os desafios da economia. Agora, mesmo depois de anunciadas as medidas fiscais pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fica difícil não perceber a crise. “O orçamento apertado das famílias vai comprometer os setores de comércio e serviços”, emendou.
Cautela Com a confiança abalada, empresários do comércio preferem adotar a cautela na gestão dos negócios e no planejamento de investimentos, confirma João Flávio de Matos, sócio-proprietário e diretor-geral da rede Loja Elétrica, há 68 anos no ramo. “O mercado está em lento processo de esfriamento. E a empresa passa a agir como se um time de futebol começasse a jogar na retranca. Ela compra menos do fornecedor, deixar de contratar e esperar para ver como a economia vai se comportar”, afirma.
A rede mineira estima queda de vendas de 5% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, depois de idêntico recuo observado em janeiro, ante o começo de 2014. Segundo Flávio de Matos, diante das indefinições na economia, a empresa congelou planos de reforma e ampliação do estoque da maior de suas nove lojas com portas para a rua em Belo Horizonte. A intenção é dobrar a área construída da unidade, hoje, com 8 mil metros quadrados.
Em 2014, a Loja Elétrica já havia investido em um grande centro de distribuição e em novos escritórios, que estão sendo ocupados. “É importante que todos os representantes do governo entendam que errou-se muito e não se pode errar mais”, afirma o comerciante. Matos se refere à inflação mais alta, assim como a carga tributária elevada, e à necessidade de o Planalto propor reformas estruturais do país, com destaque para a legislação trabalhista.
Indústrias ficam sem perspectiva
Na indústria, o pessimismo diante do cenário atual se mantém. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a economia não se recuperará sem ‘pacote robusto’ para melhorar o ambiente de negócios. O arrocho das contas públicas, que vem enfrentando resistências no Congresso Nacional, é necessário, mas insuficiente, na avaliação da entidade. Presidentes de associações setoriais e de federações da indústria têm demonstrado extrema preocupação com as perspectivas da economia e com os reflexos sobre o investimento e o nível de emprego. “A agenda (do crescimento) deve colocar como objetivo a superação das restrições à competitividade das empresas, que vêm se acumulando ao longo dos anos”, defende a CNI.
A retirada do benefício da desoneração da folha de pagamento das empresas – a tributação passa de 1% para 2,5% – é considerada fonte considerável de pressão sobre as despesas do setor produtivo, na avaliação de Luciano Araújo, proprietário da fabricante de uniformes profissionais Provest Uniformes, de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, e presidente da Regional Vale do Aço da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). “Na medida em que cai o índice de confiança dos empresários, os investimentos são reduzidos”, afirma.
Além da piora dos indicadores de inflação e do consumo, a elevação dos preços da energia e a crise hídrica complicam o espaço de atuação da indústria, observa Luciano Araújo. A Provest é uma das empresas do setor que investiu firmemente até o ano passado, na expectativa de expansão das vendas, que, agora, pode não se confirmar. “O momento é de compasso de espera, de avaliar muito bem para não comprometermos o futuro das empresas”, afirma.
Uma das grandes preocupações do industrial é com o comportamento do emprego e do desemprego no país, que impactam o negócio da Provest. A empresa mineira tem 315 empregados diretos e alimenta mais 500 ocupações nos prestadores de serviços. “Estamos mantendo o quadro de pessoal, tentamos buscar novos mercados e aguardamos, com expectativa, medidas do governo de estímulo à produção industrial”, afirma Luciano Araújo. A duplicação da Rodovia Fernão Dias, a BR-381, que liga Belo Horizonte a São Paulo, é considerada uma das obras essenciais de infraestrutura para que as empresas da região de Ipatinga melhorem a sua capacidade de competir no mercado consumidor. (DA e MV)
Fonte: Estado de Minas
Foto: Alexandre Guzanche/EM/D.A. Press
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