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Problemas no transporte multimodal no Brasil afetam exportações
Enviado em 08 de Janeiro, 2015
Leia a entrevista com Paulo Ferraz, presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Este ano, o Brasil exportou, até o mês de novembro, US$ 207,6 bilhões, com redução de 5,7% em relação ao mesmo período do ano passado. As importações foram de US$ 211,8 bilhões, também apresentando redução, porém, de 3,9% neste mesmo comparativo. Os principais países de destino das exportações são: China, Estados Unidos, Argentina, Países Baixos e Alemanha. Já os principais países fornecedores ao mercado brasileiro, em 2014, são: China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Nigéria. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Para o presidente da FCCE (Federação das Câmaras de Comércio Exterior), Paulo Fernando Marcondes Ferraz, a concorrência externa aliada à falta de competitividade contribuem para a redução das exportações de produtos industrializados. A queda de preços das commodities exportadas pelo Brasil e a desaceleração da economia chinesa também causaram a diminuição em relação às exportações de produtos primários. Em entrevista à revista CNT Transporte Atual, ele aponta que a disparada do dólar, também responsável pela queda na importação, faz com que o consumidor deixe de comprar produtos de outros países, trazendo preocupação aos donos de importadoras, com previsão de diminuição nas vendas.
Quais as perspectivas para o comércio exterior do Brasil em 2015?
O ano de 2015 será de importantes reajustes na economia. Fatores como eleições presidenciais, risco de recessão econômica e atual cenário inflacionário, bem como a retração dos negócios na indústria e o saldo comercial do 1º semestre de 2014 trazem um desafio ainda maior para o comércio exterior brasileiro. A projeção de crescimento desse setor em 2015 é de 4%. Se compararmos a participação brasileira no comércio mundial em 2011, que era de apenas 1,41%, no próximo ano poderá ser ainda menor, com previsão de queda para 1,15%.
Quais são os principais entraves para o comércio internacional brasileiro?
O primeiro passo é romper com o chamado Custo Brasil e seus problemas estruturais, burocráticos e econômicos, que comprometem a competitividade, dificultando o comércio exterior. Dessa forma, é preciso que haja mais investimento em tecnologia, preparo de mão de obra e, principalmente, inovação tecnológica. Essas resoluções só são alcançadas por meio de acordos mais amplos com outros países e de parcerias entre governos e empresários. Contudo, não são poucas as dificuldades para transpor estas barreiras.
O crescimento previsto para o próximo ano, segundo o Banco Central, é de 0,8%. Isso pode prejudicar o comércio entre o Brasil e outros países?
Trabalhamos com este cenário, mas também com a ampliação de mercados e a recuperação das economias internacionais que estão saindo de um cenário de crise financeira. Acreditamos que o Brasil tem potencial para encontrar boas oportunidades de negócios e, portanto, as chances de números melhores, ao final de 2015, são factíveis.
Em comparação a 2013, as exportações e as importações brasileiras sofreram queda. A que se deve essa redução?
A acirrada concorrência externa e a falta de competitividade da economia brasileira se destacam como fatores relevantes para a redução das exportações de produtos industrializados. Em relação às exportações de produtos primários, a principal causa de redução foi a queda de preços das commodities exportadas pelo Brasil, aliada à desaceleração da economia chinesa. Quando a China desacelera, o mundo desacelera. Não é culpa apenas do Brasil. Além disso, o baixo crescimento da União Europeia afetou diretamente países exportadores da América Latina, como o Brasil. Nesse aspecto, vale ressaltar que 19% das exportações brasileiras vão para a União Europeia.
O dólar tem apresentado comportamento atípico, chegando a patamares superiores a R$ 2,60. De que maneira isso pode impactar a corrente de comércio exterior?
A alta do dólar acarreta, logo de cara, o aumento do custo de produção. Em longo prazo, além de estimular a competitividade, mostra-se positiva às exportações, estimulando principalmente a produção de matéria-prima nacional. É paradoxal, mas, no fim, para o exportador, o dólar mais alto ajuda no recebimento de divisas. A desvalorização do real influencia a receita de vendas dos exportadores, que, observando a tendência apontada em relação ao comportamento da moeda americana, já amplia as estratégias de exportação para o ano que vem. Contudo, em movimento contrário, a disparada do dólar faz com que o consumidor deixe de comprar produtos importados, trazendo preocupação aos donos de importadoras, com previsão de diminuição nas vendas.
Qual a prioridade para o crescimento do comércio exterior?
Em um cenário de ampliação da abertura comercial, é claramente preciso melhorar os serviços de infraestrutura, o que vai diretamente resultar em um efeito positivo sobre os ganhos de comércio. Além disso, o Brasil precisa considerar uma inequívoca inovação tecnológica, visando diversificar sua pauta de exportação e proporcionando a venda de produtos de alto valor agregado.
O Plano CNT de Transporte e Logística aponta a necessidade de investimentos de quase R$ 1 trilhão no setor de transporte. Em 2013, foram pagos R$ 13,5 bilhões. Por que o Brasil investe pouco?
O Brasil investe menos do que deveria em logística. O baixo investimento nesse setor se torna latente ao compararmos, por exemplo, o Brasil aos Estados Unidos. Os norte-americanos aplicam 7,7% do seu Produto Interno Bruto em transportes, enquanto o Brasil investe somente 0,6% do PIB. Essa discrepância nos coloca em situação desfavorável em relação à competitividade frente aos demais países. Em 2013, apenas 34% do total previsto para o setor de transportes foi efetivamente aplicado.
O Brasil busca investimentos privados em transporte. Isso pode ter algum reflexo positivo para o incremento do comércio exterior?
As parcerias com o setor privado favorecem o investimento em infraestrutura de transportes, à medida que o poder público não possui total capacidade de oferecer todo investimento que hoje se torna necessário para mudar a realidade logística brasileira. Essa relação tem reflexo positivo no desenvolvimento do comércio exterior, pois o governo não dispõe de todos os recursos necessários para mudar a realidade logística do país. As Parcerias Público-Privadas fornecem mais possibilidade de investimento, em menor prazo. Dessa forma, ao melhorar as condições de transporte, diminui-se o tempo e os gastos com traslado dos produtos, aumentando a atratividade nesse setor.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa as piores posições em relação à qualidade de ferrovias, portos, rodovias e transporte aéreo. Quais os impactos dessa deficiência para a cadeia produtiva nacional?
A movimentação da economia de um país é extremamente ligada à sua capacidade de gerir bem seu sistema de transporte. É esse sistema que irá conduzir as matérias-primas até as indústrias e os produtos até os consumidores, viabilizando os outros setores da economia. Os sérios problemas do Brasil em relação à infraestrutura, como a baixa densidade das malhas ferroviária e rodoviária, acarretam, por exemplo, em custos superiores aos gastos de indústrias em países com melhor infraestrutura. Isso porque aumentam-se os gastos no deslocamento da produção, além de possíveis prejuízos por avarias no transporte. Dessa forma, a infraestrutura brasileira é uma limitação para a expansão da cadeia produtiva nacional.
De que maneira deve haver a integração entre os modais de transporte para facilitar o escoamento da produção pelo setor?
A integração entre os modos rodoviário, ferroviário e hidroviário acarretaria no menor custo de transporte e na redução do tempo de trânsito dos produtos, proporcionando melhor serviço, sem muitos prejuízos com eventuais avarias. Entretanto, o desenvolvimento do transporte multimodal ainda enfrenta problemas no país, principalmente em relação à legislação e à tributação.
A infraestrutura portuária nacional é suficiente para atender à demanda do comércio exterior?
Os portos brasileiros enfrentam o problema de falta de infraestrutura e de barreiras alfandegárias. Em 2013, foi realizada uma alteração na legislação portuária, com objetivo de modernizar os terminais, ampliando investimentos privados e facilitando a construção de portos. Contudo, deve-se ter consciência de que é necessário planejar logísticas eficientes, que reduzam os custos de transporte e que atendam às demandas do comércio.
De que maneira o excesso de burocracia nos portos impacta o comércio exterior?
A burocracia é, de fato, um entrave para o comércio exterior. Se compararmos o Brasil aos Estados Unidos, o outro extremo da ponta, em relação ao tempo de liberação de mercadorias, por exemplo, os norte-americanos levam até 24 horas para a liberação, enquanto aqui, leva-se, em média, sete dias. A redução da burocracia diminuiria o tempo de trânsito das mercadorias e cairia o preço do produto final, beneficiando o comércio.
Existe alguma possibilidade de incremento do comércio exterior a partir do setor aéreo?
No Brasil, aproximadamente 1% das mercadorias é transportada por aviões. São produtos que precisam chegar com urgência aos seus destinos. Infelizmente, a burocracia faz com que a liberação demore mais de uma semana para ocorrer. Em aeroportos dos Estados Unidos, por exemplo, essa espera cai para apenas seis horas. A solução seria aumentar o horário de funcionamento das autoridades que liberam esses produtos, já que atualmente, alguns departamentos trabalham apenas seis horas por dia. Se essas adequações fossem feitas, o preço do produto final cairia, bem como as horas gastas e eventuais perdas e, consequentemente, o comércio exterior seria beneficiado.
O agronegócio ocupa o primeiro lugar na pauta de exportação do país. O que falta para que outros produtos ganhem força?
Para o futuro, esse cenário é ainda mais promissor. As exportações de carnes, por exemplo, devem aumentar ainda mais o ritmo, devido à maior abertura e aos contratos firmados com grandes importadores. Contudo, outros produtos precisam, além de mercado consumidor, mais investimentos em tecnologia para se equiparem aos demais países exportadores. Se o Brasil perceber a importância de melhorar o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado, outros setores tendem a ganhar força.
Que tipo de produto tem maior potencial para ser exportado, além do agronegócio e dos minérios?
Não há dúvida de que continuaremos sendo fazendas para os chineses. Manteremos a exportação de soja e carne por muitas décadas, mas precisamos abrir caminho para que vestuários, produtos químicos, tecnologia ligada a etanol, fármacos, tecnologia aeronáutica e determinados segmentos de máquinas e equipamentos brasileiros ganham espaço no mercado chinês.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Quais as novas oportunidades para fortalecer esse comércio bilateral?
Essa parceria poderá trazer grandes investimentos ao nosso país. A China está disposta a expandir os negócios para setores industriais, de automóveis e de alta tecnologia. Só em 2012, o acordo entre os dois países alcançou cerca de US$ 75 bilhões. A expectativa é de mais investimentos chineses que possibilitem avanços na infraestrutura brasileira. Em relação às exportações, com a suspensão do embargo a produtos brasileiros, o Brasil pretende aumentar principalmente o comércio de carne, avançando para US$ 1,2 bilhão em 2015.
Fonte: Agência CNT de Notícias
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