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Presidente do Sinaenco defende mais planejamento para a infraestrutura das cidades
Enviado em 17 de Janeiro, 2014 ?s 12:30
O Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) está desenvolvendo a campanha Olho no Futuro. A proposta é estimular cidadãos e gestores a identificar pontos carentes de políticas públicas e promover uma cultura do planejamento para as cidades nos próximos 25 anos. O presidente da entidade, João Alberto Viol, conversou com a Agência CNT de Notícias sobre a proposta e resultados de pesquisas feitas pelo projeto, que demonstram que a mobilidade é um dos temas que mais preocupa os brasileiros.
Uma expectativa da Organização das Nações Unidas aponta que 91% da população brasileira deve viver nas cidades a partir de 2030. Que tipo de impactos isso traz ao planejamento urbano e, especialmente, à mobilidade?
Isso tudo está dentro de um cenário que nós temos que cuidar de uma forma diferente da que fazemos hoje. Temos que pensar que todas as infraestruturas devem se desenvolver, como a mobilidade, o saneamento, todos os outros tipos de acessibilidade social, além da questão da segurança, da saúde e do transporte por trilhos ou por pneus. E precisamos pensar dentro de um contexto em que a cultura brasileira não é a de planejar. Ao contrário, é a de realizar imediatamente aquilo que é necessário hoje. Isso impede que a gente tenha projetos de médio e longo prazo, impede que a cada quatro anos, com as mudanças de governo, tenhamos continuidade nos aspectos essenciais do desenvolvimento. Então o trabalho, na nossa visão, deve começar pela coisa mais difícil, que é a mudança na nossa forma de fazer as coisas. Isso vale tanto para o setor privado quanto para o público.
Com esse objetivo vocês estão com o projeto Olho no Futuro, que provoca o gestor público e a comunidade a pensar na sua cidade para os próximos 25 anos. Que resultados vocês esperam a partir dessa iniciativa?
Esse projeto veio no bojo da comemoração de 25 anos da nossa entidade. E, normalmente, quando você comemora uma data, você costuma olhar para sua história, pensar o que fez até hoje, como está sua vida. Aquele sentimento normal de cristalizar a história. No nosso caso, além de pensar a história e já que o planejamento é uma de nossas atividades, decidimos também pensar o futuro: como seremos daqui a 25 anos? E pensar com base no que é nosso principal palco, que são as cidades, nesse processo acelerado de concentrações urbanas. Desenvolvemos eventos em todas as capitais brasileiras onde temos nossas regionais, que são 13. Esses encontros de discussão são um processo inicial, não acaba aqui. O grande desafio, nesse caso, é discutir o planejamento, que é árido e de difícil entendimento popular. E, assim, estimular que nossa cultura seja mudada e que o planejamento seja contínuo.
O projeto fez um amplo levantamento sobre a atual condição dessas cidades e suas deficiências estruturais. É possível destacar os aspectos que vão exigir uma atenção mais forte do poder público?
Fizemos estas pesquisas com o objetivo de mostrar que o planejamento é uma coisa ampla e as atividades de infraestrutura também. Buscamos identificar o que aflige a população nesse momento e a pesquisa apontou, para todas as capitais, a questão da mobilidade urbana como a principal preocupação nesse momento. Levantamos dados em todas as capitais, comparamos o crescimento da frota de veículos com a população, a relação entre eles e deixamos a pergunta: como vamos ficar? Além disso, temos outras questões essenciais que são muito importantes, como saneamento básico, coleta de resíduos sólidos, lixo urbano, equacionamento das enchentes, as áreas de risco nas encostas, o fornecimento de água potável, a contaminação de lagos e rios pelos esgotos. Enfim, temos uma gama de atividades de infraestrutura que afligem a população. Então partimos da mobilidade, porque não dá para atender tudo em um primeiro momento, mas o processo é longo e deve abranger as principais atividades da infraestrutura.
O transporte público é a principal solução para a questão da mobilidade urbana ou tem que se pensar também em uma nova forma de utilização dos espaços nas cidades?
O transporte público é, realmente, um vetor importante, porque ele tem capacidade de transportar um grande volume de passageiros e de pessoas. Mas o replanejamento dos espaços da cidade, suas funções, onde a pessoa trabalha, onde ela mora, a indução do trabalho para mais perto da moradia é a grande questão do planejamento para as cidades hoje. É buscar que o cidadão tenha um menor deslocamento possível para chegar ao trabalho, que tenha acesso no menor tempo possível à saúde, ao lazer. Então a criação de espaços de lazer e de atendimento das atividades públicas, como educação e saúde, descentralizadas, é uma questão essencial. O replanejamento das cidades para que a concentração do emprego não seja apenas na área central da cidade, o que faz com que toda população se desloque das periferias para o centro e do centro para as periferias, é o grande desafio que vem pela frente, além de dotar as cidades de infraestrutura.
Há cidades que podemos tomar como exemplo positivo?
Nós temos, no Brasil, o exemplo de Curitiba (PR), uma cidade que se modernizou e se planejou para o transporte público. Mas lá também a pesquisa apontou uma grande preocupação com a mobilidade urbana. Veja Brasília: foi uma cidade planejada, nova, mas que teve uma explosão populacional tão grande, que precisa ser replanejada. Planejamento é uma atividade constante, não se exaure com o tempo.
Essas questões envolvem longo prazo, mas as cidades também têm necessidades imediatas. Há soluções rápidas para amenizar problemas resultantes da crescente urbanização?
Não haverá solução milagrosa. Por exemplo, para uma cidade como São Paulo, a solução só se materializa a médio e longo prazo, que é o metrô. São Paulo precisa de mais metrô. Então, para resolver o problema imediatamente, se parte para a proliferação de faixas de ônibus. Os corredores são importantes para quem já anda de ônibus, mas quem anda de carro não migra facilmente para o ônibus por causa disso. O resultado é que há uma queixa por parte de quem usa carro, porque dobrou o tempo para chegar ao destino, e uma satisfação de quem usa ônibus, porque chega mais rápido. Também tem a questão das ciclovias: dá para se locomover nas grandes cidades de bicicleta, mas ainda existe um risco, porque a população ainda não está educada para esse tipo de transporte. Tudo que você pensar tem problemas de custo, de implantação, de mudança de cultura. Vamos ter que implementar tudo na medida do possível e conviver com os problemas até termos um patamar melhor do que temos hoje.
Isso passa por uma mudança cultural também na forma como as pessoas se relacionam com o espaço urbano?
Eu vejo que, no quesito mudança do carro para o transporte coletivo, por exemplo, não adianta só o convencimento. Você precisa oferecer ao cidadão uma segurança e um conforto que o estimule a mudar. Ele tem que sentir maior dificuldade em usar o carro, mas saber que, se for para o coletivo, tem vantagem econômica e comodidade maior. A mudança cultural mais importante é alterar a maneira de fazer as coisas. E aí eu falo da contratação pública, de pensar que as atividades de planejamento, projeto e execução têm que conviver e que você somente pode contratar coisas para que foram bem pensadas, senão vamos continuar dando com a cabeça na parede. Tem que oferecer os requisitos mínimos necessários para que as mudanças ocorram.
Fonte: Portal Agência CNT de Notícias
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