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O duro caminho das pedras no negócio familiar


Enviado em 24 de Janeiro, 2012

Valor Econômico - 24/01/2012

O duro caminho das pedras no negócio familiar
Por Edson Pinto de Almeida | De São Paulo
"Vou fazer um IPO. Monta um conselho aí para mim". O pedido, em tom quase delituoso, é apenas um dos (maus) exemplos, sem meias palavras ou eufemismos, que permeiam o livro "A Família Empresária", escrito por Herbert Steinberg e Josenice Blumenthal. Ambos são especialistas no assunto. Ele, como consultor e autor de vários livros sobre governança corporativa; ela, como psicóloga e antropóloga, especialista em mediação e terapia familiar, com 15 anos de experiência no trato com famílias empresárias. A linguagem franca é uma das principais virtudes desse verdadeiro guia para donos e sócios de empresas fincadas sobre árvores genealógicas. Pelo menos, para aqueles que preferem enfrentar a vida como ela é.

De acordo com especialistas na área, empresas familiares existem há pelo menos dois mil anos. Estudos indicam que são felizes e infelizes de forma muito parecida ou, pelo menos, sofrem ameaças comuns em relação a sua perpetuidade. No prefácio do livro, o prof. Joachim Schwass, do IMD da Suiça, já alerta para o perigo da falta de alinhamento entre os negócios, que tendem a ser racionais, com os assuntos de família, que em geral são emocionais. O ideal - como se propõem os autores - é equilibrar essa improvável combinação entre azeite e água.

Ao contrário dos livros de consultores americanos, que abusam na descrição de casos de domínio público envolvendo empresas bem conhecidas, Steinberg e Blumenthal relatam somente experiências que viveram com seus clientes - obviamente, preservando nomes e contextos que pudessem identificar os protagonistas. Mas o objetivo declarado dos autores é fazer com que as famílias empresárias se identifiquem com os relatos e até se vejam em histórias conhecidas. Nada é para ser mera coincidência.

O livro cita estimativas segundo as quais 80% das empresas do mundo - e isso vale para o Brasil - são familiares. Para compreender os desafios relativos à gestão dessas empresas, os autores descartam, logo de início, a possibilidade de cair no lugar comum de dividir os protagonistas desse universo corporativo em bandidos e mocinhos ou algozes e vítimas. A família é definida como um sistema tridimensional, que pode ser visualizado em três círculos: família, propriedade e negócio (gestão). "Quando se leva em conta a posição de cada um dentro desse modelo, os conflitos familiares tornam-se compreensíveis". Um bom exemplo é o de duas irmãs e sócias, com posições conflitantes em uma reunião de acionistas. Uma, que não atua na empresa, propõe aumentar os dividendos. A outra, que ocupa cargo de diretoria, vota contra porque prefere seguir o plano de investimentos e expandir a empresa.

Em dez capítulos, o livro percorre os principais temas envolvendo questões cruciais para a boa governança - e também focos de problemas: do conselho de família ao acordo de sócios; das fusões e aquisições ao conselho de administração e - mais importante - o processo de sucessão. Mesmo sem esgotar o tema, os autores ilustram o capítulo com quadros detalhando o passo-a-passo da sucessão. Um ponto interessante é o papel do líder. No contexto familiar, atributos sempre valorizados, como meritocracia, racionalidade e agilidade, podem ser puro veneno. O ideal é que o líder atue como facilitador. Além disso, como todos os herdeiros se consideram iguais, só é possível avançar nas decisões se todos participarem e "as soluções para os problemas sejam encontradas pela família".

Aliás, executivos que trabalham em empresas familiares não têm vida fácil. O exemplo de Marcos (nome fictício), diretor comercial de uma companhia comandada pelo fundador e seus dois filhos, parece ser emblemático de casos em que falta profissionalização. O relato é uma queixa sobre a forma de decidir. Tudo que é acertado nas reuniões de estratégia, às sextas-feiras, pode ser modificado depois do almoço de domingo ou um aniversário na família. "Eles conversam no fim de semana sobre o que decidimos e quase sempre repensam", diz o inconsolado executivo que, na ocasião do depoimento (2011) dizia estar pedindo as contas. Provavelmente, já deixou a empresa.

Os capítulos finais, em que são detalhadas as questões sobre acordos de sócios, conselho de administração e governança corporativa em fusões e aquisições, mostram como o caminho das empresas de controle familiar é cheio de armadilhas, conflitos de interesses e elementos dignos de tragédias shakespearianas. Vaidade, orgulho, inveja, ambição e paixão estão presentes - envolvendo poder, afeto e dinheiro - e são tão importantes quanto os detalhes do plano de investimentos, planilhas de custos etc. O que parece justificar frase atribuída a Décio da Silva, ex-CEO da WEG: "Preparar a família é trabalho para décadas".

"A Família Empresária"
Herbert Steinberg e Josenice Blumenthal. Editora Gente. 192 págs., R$ 37,90


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