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Cerco maior a drogas também nas estradas

Enviado em 20 de Janeiro, 2012

Fonte: NTC

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) promete apertar o cerco contra os motoristas que dirigem sob efeito de drogas lícitas e ilícitas. Os policiais estão sendo treinados para reconhecer os indícios de uso dessas substâncias e até mesmo retirar esses condutores das vias. A quarta turma passa pela capacitação ontem e hoje, em Vitória.

O inspetor Wylis Lyra afirma que a principal meta é reduzir as ocorrências provocadas por esses motoristas. "É mais uma forma de identificar o que causa acidentes nas rodovias", diz. Ele ressalta que haverá atenção especial para a questão durante as operações de carnaval.

Segundo Lyra, em todo o ano passado, a PRF flagrou apenas três motoristas dirigindo sob efeito de drogas. O inspetor acrescenta que, em 2012, com o efetivo treinado, o número deve subir.

Lyra também disse que já antes do carnaval devem ser realizadas operações direcionadas aos motoristas de veículos pesados, como caminhões, para combater o uso das anfetaminas, o famoso rebite.

Sinais - Os sinais a serem observados para reconhecer uso de drogas variam de acordo com a substância e com a quantidade consumida, como explica o inspetor Henrique Tosta.

"Existem vários indícios, como os olhos e as atitudes da pessoa, além do próprio odor que a droga deixa", explicou. Segundo ele, durante o treinamento, os policiais conhecem os sintomas do uso de cada entorpecente, com o apoio de imagens e vídeos.

Medicamentos - Os policiais também deverão identificar o uso de drogas lícitas que comprometem a condição de dirigir. Até medicamentos, como calmantes, devem entrar na mira dos agentes.

Tosta acrescentou que os suspeitos serão encaminhados à delegacia para realização de exames que comprovem as evidências e identifiquem o tipo de droga usada. O condutor sofrerá ainda punições administrativas, como multa e retenção da carteira nacional de habilitação.

Caso seja encontrada no veículo alguma substância ilícita, o motorista deve ser encaminhado a um Departamento de Polícia Judiciária. No caso de uso de anfetaminas, poderá ser feito um termo circunstanciado para que o motorista se apresente quando convocado pelo juiz.

Os entorpecentes e o trânsito - Álcool: diminui o reflexo e, de acordo com a dose, a capacidade de avaliar a velocidade e a distância de outros veículos, a concentração e a habilidade motora. Outra consequência é o aumento do tempo para decidir frear ou ultrapassar.

Maconha: deixa a pessoa lenta e prejudica a noção de velocidade e a distância de outros carros

Cocaína: provoca coragem e ousadia. O uso prolongado pode provocar paranoia, medo, impulsividade e prejudicar os movimentos. Também causa sensação de perseguição e prejudica a rapidez nas decisões

Anfetaminas (rebite): geram insônia, aumentam a agitaçãoe a pressão arterial. Causam tremores nos músculos, irritabilidade e impulsividade. Também podem deixar o motorista mais ousado, comprometendo a responsabilidade ao volante

Pesquisa: mais consumo entre caminhoneiros - De acordo com dados do Centro de Pesquisas em Álcool e Drogas (Cepad) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a maior incidência do uso de drogas se dá entre condutores de veículos pesados.

A pesquisa, que ouviu mais de 3 mil motoristas em rodovias federais de todo o Brasil em 2009, apontou que 8,2 % dos que dirigiam caminhões utilizavam anfetaminas, conhecidas como rebite.

Entre os condutores de motocicleta, a droga com maior incidência é a cocaína, com 5,5%. A mesma droga aparece em segundo lugar entre os motoristas de carro, com 3,7%, perdendo apenas para o álcool, com 4,8%.

As estatísticas foram apresentadas aos policiais por duas psicólogas do Cepad durante a capacitação. Dos motoristas abordados, 97,4% aceitaram responder ao questionário e ceder material para exames.